Depois de tanto se especular, talvez alguns achem que o que vou contar não tem tanta importância, como de inicio poderia parecer, mas o que conta é o sentimento de culpa que o acontecimento me deixou.
Conduzia até casa a horas algo tardias, a estrada que me conduzia é algo deserta a horas tão avançadas, ao entrar numa curva mais apertada, reparo num vulto na esquina da estrada. O vulto ao sentir o aproximar do carro virou o pescoço na direcção da luz. Os meus olhos encontraram-se com os seus e reparei na familiaridade daquele rosto.
Todas as pequenas localidades têm o seu louco nacional, é quase uma mascote, um fulano inofensivo que por alguma agrura da vida tem algo que o distingue dos ditos "normais".Neste caso tratava-se do Célio, um rapaz com aproximadamente 28 anos que em determinada altura da vida sofreu um acidente de mota que o obrigou a transportar uma placa de titânio na cabeça, pelo menos é o que reza a lenda. Para piada geral o Célio é ainda filho do mecânico alcoólico lá do sítio, os locais não resistem à piada fácil de dizer que foi o pai que lhe colocou a placa na "tola".
Sendo proprietário de uma beleza afastada dos requesitos ditos normais, e de um discurso pouco coerente, facilmente se transformou num alvo fácil de chacota, no entanto é talvez das pessoas mais simples e bem educadas que pela zona habitam.
Mas voltando ao inicio, depois de ter percebido quem era que estava na berma da estrada, a 5km da sua casa, com um frio de rachar dentes, eu simplesmente segui viagem, nem sequer parei para perguntar se precisava de boleia. Cada metro que avançava dizia a mim mesma que devia voltar para trás mas não o fiz.
Não consigo perceber porque, …. Comodismo, desinteresse, frieza de espírito, não encontro razão, para não ter parado. Passado poucos minutos estava já deitada na minha caminha quentinha de olhos arregalados a fixarem o tecto, a pensar o quanto má e insensível tinha sido.
O remorso ainda não passou só espero que ele tenha chegado bem a casa.
Conduzia até casa a horas algo tardias, a estrada que me conduzia é algo deserta a horas tão avançadas, ao entrar numa curva mais apertada, reparo num vulto na esquina da estrada. O vulto ao sentir o aproximar do carro virou o pescoço na direcção da luz. Os meus olhos encontraram-se com os seus e reparei na familiaridade daquele rosto.
Todas as pequenas localidades têm o seu louco nacional, é quase uma mascote, um fulano inofensivo que por alguma agrura da vida tem algo que o distingue dos ditos "normais".Neste caso tratava-se do Célio, um rapaz com aproximadamente 28 anos que em determinada altura da vida sofreu um acidente de mota que o obrigou a transportar uma placa de titânio na cabeça, pelo menos é o que reza a lenda. Para piada geral o Célio é ainda filho do mecânico alcoólico lá do sítio, os locais não resistem à piada fácil de dizer que foi o pai que lhe colocou a placa na "tola".
Sendo proprietário de uma beleza afastada dos requesitos ditos normais, e de um discurso pouco coerente, facilmente se transformou num alvo fácil de chacota, no entanto é talvez das pessoas mais simples e bem educadas que pela zona habitam.
Mas voltando ao inicio, depois de ter percebido quem era que estava na berma da estrada, a 5km da sua casa, com um frio de rachar dentes, eu simplesmente segui viagem, nem sequer parei para perguntar se precisava de boleia. Cada metro que avançava dizia a mim mesma que devia voltar para trás mas não o fiz.
Não consigo perceber porque, …. Comodismo, desinteresse, frieza de espírito, não encontro razão, para não ter parado. Passado poucos minutos estava já deitada na minha caminha quentinha de olhos arregalados a fixarem o tecto, a pensar o quanto má e insensível tinha sido.
O remorso ainda não passou só espero que ele tenha chegado bem a casa.
Pode não ser muito mas ainda não me saiu da cabeça.
3 comentários:
Eu até sou um tipo que tem piada e com sentido de humor e noutro dia diria uma qualquer brincadeira, mas sabes...sei exactamente o que sentes e isto não é para te sentires pior, tu não ficaste indiferente, só não tiveste coragem de parar. È este mundo que nos deixa assim, com medo...
Eu uma vez (e pior porque foi fora de Lisboa e não posso pôr as culpas na “cidade que desumaniza”) ia para casa e dei com um senhor (muito alcoolizado, mas enfim...) deitado no chão e a sangrar da cabeça...e o que é que o rapaz aqui fez? Seguiu caminho...com medo, com vergonha, com sei lá mais que desculpas...
Mas olha, nem tudo é nossa culpa, a cidade desumaniza mesmo e o medo está presente, e nem sempre conseguimos ser boas pessoas. Mas vale a pena ir tentando, pode ser que consigamos ter mais motivos para nos orgulhar-mos do que para nos envergonhar-mos.
E agora não penses mais nisso rapariga, a vida é mesmo assim, imperfeita...mas não necessariamente má :-)
Parece que toda a gente pensou que fosse algo realmente maldoso!
Bom já foi teres 'parado' para pensar... mas lembra-te que provavelmente o Célio vai estar 'perdido' ali onde o viste durante muitas outras noites...
Já agora, quem faz a piada do pai alcoólico ainda é mais estúpido. Até parece que uma oficina de vão de escada tem placas de titânio assim avulso... se soubessem que vale quase tanto como ouro... enfim, a estupidez humano não tem limites.
Sabes, enquanto profissional eu deveria ser mais prestável que os outros quando há uma situação de feridos na rua por exemplo. Mas acreditas que é exactamente o contrário...fujo dessas situações a 7 pés. Se houver um acidente, desde que já lá esteja algum curioso pronto a ajudar - sim, porque a maior parte das pessoas não param por desejarem ajudar, mas levados pela inacreditável curiosidade pa qq acidente que o povo português tem -, eu limito-me a seguir em frente como se nada fosse comigo.
Claro que depois tb fico com remorsos, mas não é tão grave quanto isso.Aliás, só o facto de ficares a pensar nesse pormenor antes de te deitares, mostra bem que deves sser pessoa de bom coração.
beijinho de amigo desiludido, que estava à espera de uma maldade a sério...
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