Ao ouvir uma música na rádio durante o dia lembrei-me dele.
Encontrava-o sempre no princípio ou no final dos dias de verão, era dono de uma daquelas esplanadas lá do sítio onde moro. Tinha um rir inconfundível e enchia nos os ouvidos com os relatos dos seus tempos de viagens pela Alemanha, França e Inglaterra, ou as suas aventuras pelas terras do Norte e com as suas sete mulheres as quais nunca tinha deixado desamparadas.
Dizia ser irmão se um barbeiro famoso lá para os lados do Bairro alto na década de 80 mas isso só fazia sentido ao ouvido, quando o ouvíamos cantar baixinho entre dois giripitis:
Lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente….Com os olhos húmidos de saudade…
Dizia já ter sido dono de um dos maiores restaurantes da zona, mas que já não tinha arte para tanto e que o seu recanto de praia onde servia as suas montanhas, as suas sandes e tostas, e claro o famoso e não menos misterioso GIRIPITI, eram o suficiente para lhe alegrar os dias…a ele e a nós
Assim se passavam os anos e os finais de tarde numa esplanada repleta de histórias de Verões e de outros Invernos…
Um dia veio o verão e a esplanada não abriu, o Sr. Ribeiro estava doente tinha chegado a doença ruim, aquela que nos mata por dentro mas não nos leva os sonhos, nem quem amamos, pois a morte pode tudo menos nos roubar as lembranças.
Nunca mais o vi, nem o ouvi rir ou cantar, com olhos húmidos de saudade, sei que deixou o seu relato nas pessoas que riram ou sorriram com ele….o verão nunca mais soube ao mesmo....
…. Que saudades de dizer…vamos ao giripiti (um dia conto o segredo)
terça-feira, 29 de novembro de 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
bora lá ao giripiti!
Sai um GIRIPITI, aqui para mesa da frente...
...estou com uma sede do caraças! também quero u giripiti; seja lá o que isso fôr...
Texto muito colorido e agradavel aos olhos.
Enviar um comentário