quarta-feira, 22 de julho de 2009

De molekine para moleskine...

O metro é um sitío especial, sempre achei isso....

Ontem depois de mais um dia de trabalho desci ao subsolo, porque acima de tudo, e para lá do cansaço precisava de ver desconhecidos, olhar para as pessoas que não conheço e tentar perceber em estranhos o que não percebo em geral...

Sentei-me cansada, e olhei em volta.... não havia muita gente... uma rapariga lia à minha frente, e um rapaz escrevia ao meu lado... a multidão estava entretida com as suas histórias e eu decidi acabar de ler a viagem do elefante do Saramago, que me tem acompanhado nas viagens na estrada e no sofá...

Duas paragens depois, o som do papel distraiu-me da recepção magistral do elefante em valladolid... o rapaz rasgou uma folha do moleskine e levantou-se... deixando a folha de papel amarelo rasgada no lugar vago ao meu lado...

Nos primeiros segundos, apenas olhei pelo canto mais pequeno do olho... não consegui entender... não tive coragem de mexer... fiquei imóvel com a curiosidade aos saltos... Deixei a viagem continuar, e a carruagem esvaziar na estação mais baixa da cidade...
Depois mais à vontade, eu e o papel, e já sem querer saber se o elefante teria sido ou não bem recebido, peguei no papel e guardei-o na mala...

Saí dali como se toda a cidade e todos os estranhos fizessem agora parte da minha existência e me perseguissem a mim e ao pequeno papel...
Finalmente num sitio seguro sem olhares indiscretos abri a mala, e pequei na pequena folha, a letra era algo confusa e continha nomes de escritores uns conhecidos, e outros menos... por baixo no fim dizia...

...brilhantes autores...

Guardei o papel no meu moleskine, sorri para o nada e agradeci as sugestões literárias em silêncio...

Continuo de preto por dentro, mas esboço um sorriso quendo penso que ainda há pessoas bonitas a viverem dentro dos moleskines, nas viagens de livros e de metro...

2 comentários:

rspiff disse...

Adorei este post.

Até porque ontem, depois de achar que ninguém iria querer ouvir uma brilhante teoria sobre o sentido da vida que elaborei, atirei-me ao meu moleskine e escrevi freneticamente (pelo menos para mim) como já não fazia há algum tempo.

Eu também acho que o Metro é um sítio especial, com tantas histórias que vejo, que imagino quando viajo nele. E sei que há lá pessoas como as que falaste :-)

Beijos

Kiau Liang disse...

já não sabia de ti há muito tempo, obrigada pela visita...

Bom saber que ainda passas por aqui....

Beijos